Momento do recebimento do documento com: Francisco Campolina (presidente da Fiemg Regional), Fernanda Machado (CODEMIG), Olavo Machado Junior (presidente do Sistema Fiemg) e o Prefeito Bruno Siqueira.
A convite do CENTROCAPE BH [i] participamos do Encontro Regional para o Desenvolvimento da Zona da Mata. Eu, representando também o Maurilio Souza (RM Cerâmica Artística) e o Rogério (Caixas Monge) assistimos a apresentação de um documento realizado em parceria com várias instituições e representantes dos municípios da região.
As sugestões incluem a liberação de verbas para infraestrutura e logística em vários municípios da região, Reforma tributária e fiscal, Isenção de ICMS, Criação da Região Metropolitana de Juiz de Fora e ainda investimentos nas áreas de Educação, Saúde e Segurança.
Interessante citar a fala do presidente da Fiemg, Francisco Campolina que afirmou que as sugestões listadas dependeriam de um investimento de R$ 250 milhões, que estaria em torno de ½ reforma do Mineirão, mas que beneficiaria diretamente cerca de 80 Municípios. Enumerou indicadores que mostram o fraco desempenho do setor industrial na região afetando quase 240 municípios do entorno. Cobrou mudanças na arrecadação do ICMS (cerca de 18%), um dos maiores da região e que dificulta a permanência de empresas nos municípios do entorno e estimula a saída para outros estados que estão oferecendo uma tributação muito menor.
A representante da CODEMIG (Companhia de desenvolvimento econômico de Minas Gerais), Fernanda Medeiros Azevedo Machado citou a atuação da companhia em várias áreas inclusive a Indústria Criativa. Descreveu a execução de bens e serviços assim como o fomento e apoio a salas de concertos, espaços de eventos como o EXPOMINAS e ainda investimentos nos setores de Audio Visual e Moda.
Ouvimos também a fala do presidente do sistema FIEMG, Olavo Machado Júnior, que foi incisivo na cobrança de ações que favoreçam a politica industrial da região e lembrou da fala do Papa que disse: temos que ser revolucionários. Após a fala do Sr. Prefeito e demais deputados que estavam presentes foi verificado o apoio para as ações e o documento foi encaminhado ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Altamir Rôso, que além de receber as reivindicações dos presentes se comprometeu a analisar as solicitações e promover as mudanças mapeadas pelo documento.
Vocês poderão perguntar: E o que isso tem a ver com os artesãos e artistas da cidade? Eu digo: tudo. Sabemos que o sistema FIEMG abrange instituições ligadas a indústria e o comércio e se falamos em investimento em logística e infraestrutura para a cidade isso beneficiará também os micro empreendedores, os empreendedores individuais, os que trabalham na economia informal e no setor de prestação de serviços. Ações relacionadas a logística assim como investimento em educação são essenciais para o município desenvolver-se na área artística e cultural.
Eu e Maurilio trabalhamos com cerâmica e precisamos de serviço de transporte porque nossa matéria prima vem dos estados de SC, SP e RJ. Dai percebemos que a dificuldade da maioria dos artistas e artesãos do município está na compra de matéria prima e também na divulgação dos seus serviços. Se houver um investimento maior em cursos de capacitação e gestão de negócios, todos vão ganhar. A cidade poderá começar a tirar do papel outra Lei importante que foi aprovada para o município e não saiu do papel: o Plano Municipal de Cultura.
Sabemos que tudo caminha junto e que a FUNALFA, que representa a secretaria de cultura em Juiz de Fora, assumiu um compromisso com o governo ao se inscrever no Sistema Nacional de Cultura e dentro das ações previstas pelo plano municipal de cultura na área de artes plásticas (incluo nesse setor também: artes visuais, moda, artesanato e design), existem várias diretrizes a serem colocadas em prática.
No texto abaixo cito as que se tornam mais abrangentes pois existem várias outras contempladas na parte geral do plano que envolve as áreas representadas pelo conselho municipal de cultura ao qual fiz parte como representante de artes plásticas de 2011/2013.
Diretrizes para a área de artes plásticas (Artes Visuais):
• Estimular e promover a criação de cursos de capacitação para elaboração e gestão de políticas e projetos culturais, bem como para a organização e a coordenação de eventos, planos de divulgação, organização de currículos, portfólios, além daqueles cursos referentes às diversas áreas de formação do artista plástico (fotografia, cerâmica, escultura, gravura, desenho livre, desenho aplicado, pintura, ilustração, quadrinhos, história da arte e novas tecnologias, etc.).
• Estimular à criação e viabilização de espaços alternativos e descentralizados para a realização de cursos e eventos da área, destacando-se a implantação e/ou revitalização de espaços culturais comunitários.
• Estimular à produção local através de eventos visando resgatar a vitalidade cultural do município, com destaque para a valorização da diversidade e pluralidade da produção visual.
• Incentivar à união e ampliação de grupos existentes na área artística visando à formação de núcleos de artes visuais nos diversos bairros do município.
• Criar um circuito de exposições e eventos por todo o município – Atelier Aberto, visando a aproximar artista e público.
• Estimular uma parceria mais eficaz entre artistas, Poder Público e instituições culturais pode ser a alternativa ideal para a ampliação de projetos relacionados às artes visuais. Podendo ser concretizada através de mais investimento na capacitação, no gerenciamento e na difusão da produção artística.
• Criar um espaço de memória das artes visuais de Juiz de Fora, com o objetivo de centralizar, abrigar e preservar documentos e registros textuais, sonoros e de imagens, fomentando a doação de acervos pessoais para a preservação da memória e pesquisa no campo das artes visuais do município.
Enfim, após quase dois anos da aprovação da Lei que instituiu o plano municipal de cultura pouca coisa caminhou e tanto na área da cultura quanto nas áreas da Indústria e comércio da cidade vemos que não faltam ideias e projetos. Necessitamos de união e vontade política para colocarmos em prática o que precisa ser feito para melhorar a vida daqueles que vivem nessa cidade e que contribuem com parte do seu trabalho no somatório das verbas arrecadadas pelo município. A partir do momento que os cidadãos (artistas, produtores culturais, artesãos, gestores culturais e etc.) se organizarem com o objetivo de concretizar esses projetos poderemos começar a crer na melhoria de vida para todos
Rose Valverde
Especialista em Arte Educação e Cultura; Prof.a de Artes na PJF; Artista plástica e Ceramista.
[i] O Instituto Qualidade Sustentável – IQS é um setor dentro do CENTRO CAPE, com o objetivo de avaliar os artesãos que desejam obter o Selo de Certificação de GESTÃO de sua PRODUÇÃO ARTESANAL.
A CERTIFICAÇÃO confere ao artesão maior credibilidade e um diferencial para o seu negócio, melhorando a sua competitividade e com isso aumentando os seus ganhos.
Os critérios utilizados para a Certificação estão baseados na Norma NIQS:001/2014 – SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE – Empresa do Setor Artesanal